Nossa segunda entrevistada é Cláudia Coura. Ela se formou em engenharia civil e tem uma carreira de sucesso. Hoje, é coordenadora do departamento de engenharia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IF Sudeste MG) de Juiz de Fora. Cláudia nos contou que sua família e seus amigos tiveram uma reação positiva quando ela decidiu ser engenheira, mas, no mercado de trabalho, não foi tão fácil assim. Confira a entrevista:
Durante o curso de graduação, alguma vez você sofreu preconceito ou se sentiu desconfortável por estar em uma faculdade onde existem mais homens do que mulheres? Se sim, em que situação?
Quando eu estava à procura de estágio, me foquei em conseguir uma colocação que acompanhasse execução de obras. As empresas se mostravam muito reticentes em contratar uma mulher, pediam que eu tentasse uma colocação em tarefas executadas dentro do escritório.
Você encontrou alguma dificuldade para se inserir no mercado de trabalho?
No início encontrei dificuldades. Hoje, depois de 18 anos de formada, a mentalidade mudou muito. As mulheres estão sendo mais bem aceitas.
Em seu trabalho, alguma vez sua competência foi questionada por você ser mulher?
Sim. Já fui confundida como secretária da empresa, pois o cliente achou muito estranho, e até impossível, uma mulher ser o responsável pelo gerenciamento de uma obra com mais de cem funcionários.
O que você acha da ideia de que "a mulher é o sexo frágil"?
Não podemos, na maioria dos casos, nos igualarmos aos homens quanto à força física, mas em raciocínio e competência somos iguais. E digo mais: as mulheres são mais organizadas, o que em certas tarefas é imprescindível.
Você acha que os serviços domésticos e a criação dos filhos ainda pesam mais sobre a mulher do que sobre o homem? Em sua opinião, qual é maneira ideal de uma mulher lidar com esta dupla jornada de trabalho? O homem tem que ajudar em casa?
Nós vivemos numa sociedade ainda muito machista. Portanto, no final das contas, quem pega o “touro à unha” é a mulher. Mas nós temos que tentar reverter ou minimizar esta realidade. Para conciliarmos o trabalho e a família, temos que ter muito empenho e tentar fazer com que o companheiro perceba que a divisão de tarefas é benéfica, saudável e principalmente responsabilidade dos dois.
Que conselho você daria para uma mulher que pretende entrar no mercado de trabalho? Ela precisa ter um grau de instrução maior do que o masculino para ocupar um cargo de confiança?
A mulher tem que se qualificar muito, pois ela será mais exigida do que um homem seria. Para ocupar um cargo de confiança ela deve provar inúmeras vezes que é competente, e sempre será testada.