sexta-feira, 20 de maio de 2011

Entrevista - Cláudia Coura

Nossa segunda entrevistada é Cláudia Coura. Ela se formou em engenharia civil e tem uma carreira de sucesso. Hoje, é coordenadora do departamento de engenharia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IF Sudeste MG) de Juiz de Fora. Cláudia nos contou que sua família e seus amigos tiveram uma reação positiva quando ela decidiu ser engenheira, mas, no mercado de trabalho, não foi tão fácil assim. Confira a entrevista:

Durante o curso de graduação, alguma vez você sofreu preconceito ou se sentiu desconfortável por estar em uma faculdade onde existem mais homens do que mulheres? Se sim, em que situação?

Quando eu estava à procura de estágio, me foquei em conseguir uma colocação que acompanhasse execução de obras. As empresas se mostravam muito reticentes em contratar uma mulher, pediam que eu tentasse uma colocação em tarefas executadas dentro do escritório.

Você encontrou alguma dificuldade para se inserir no mercado de trabalho?

No início encontrei dificuldades. Hoje, depois de 18 anos de formada, a mentalidade mudou muito. As mulheres estão sendo mais bem aceitas.

Em seu trabalho, alguma vez sua competência foi questionada por você ser mulher?

Sim. Já fui confundida como secretária da empresa, pois o cliente achou muito estranho, e até impossível, uma mulher ser o responsável pelo gerenciamento de uma obra com mais de cem funcionários.

O que você acha da ideia de que "a mulher é o sexo frágil"?

Não podemos, na maioria dos casos, nos igualarmos aos homens quanto à força física, mas em raciocínio e competência somos iguais. E digo mais: as mulheres são mais organizadas, o que em certas tarefas é imprescindível.

Você acha que os serviços domésticos e a criação dos filhos ainda pesam mais sobre a mulher do que sobre o homem? Em sua opinião, qual é maneira ideal de uma mulher lidar com esta dupla jornada de trabalho? O homem tem que ajudar em casa?

Nós vivemos numa sociedade ainda muito machista. Portanto, no final das contas, quem pega o “touro à unha” é a mulher. Mas nós temos que tentar reverter ou minimizar esta realidade. Para conciliarmos o trabalho e a família, temos que ter muito empenho e tentar fazer com que o companheiro perceba que a divisão de tarefas é benéfica, saudável e principalmente responsabilidade dos dois.

Que conselho você daria para uma mulher que pretende entrar no mercado de trabalho? Ela precisa ter um grau de instrução maior do que o masculino para ocupar um cargo de confiança?

A mulher tem que se qualificar muito, pois ela será mais exigida do que um homem seria. Para ocupar um cargo de confiança ela deve provar inúmeras vezes que é competente, e sempre será testada.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Dupla jornada limita mulheres no mercado de trabalho

A má distribuição de tarefas entre homens e mulheres em casa e no cuidado com os filhos é apontada como fator limitante para inserção das mulheres no mercado de trabalho, em carreiras com melhor remuneração. “As mulheres não entram em condições de igualdade com os homens no mercado de trabalho por causa da dupla jornada que exercem e não são remuneradas por conta de cuidados com os filhos, com a casa e, com as pessoas doentes e, às vezes, até com com o trabalho comunitário”, aponta Eliana Graça, assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).

Fonte: Agência Brasil


A má distribuição de tarefas entre homens e mulheres em casa e no cuidado com os filhos é apontada como fator limitante para inserção das mulheres no mercado de trabalho, em carreiras com melhor remuneração.

“As mulheres não entram em condições de igualdade com os homens no mercado de trabalho por causa da dupla jornada que exercem e não são remuneradas por conta de cuidados com os filhos, com a casa e, com as pessoas doentes e, às vezes, até com com o trabalho comunitário”, aponta Eliana Graça, assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) e voluntária do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea).

“A responsabilidade dupla das mulheres acaba fazendo com que ela se insira de forma mais precária no mercado de trabalho; contribuindo decisivamente para que as famílias chefiadas por elas estejam mais presentes na pobreza do que as famílias chefiadas por homens”, complementa a economista Luana Simões Pinheiro, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Luana pondera, no entanto, que a inserção precária no mercado de trabalho não se deve apenas ao domínio masculino e a ações descriminatórias do mercado. “Essa questão se reproduz pelos homens e pelas mulheres. É uma questão de dois lados. Não tem só vítimas, mocinhos e bandidos nessa história. Todo mundo reproduz no cotidiano”, enfatiza ao lembrar que “as meninas nascem ganhando um kit cozinha, com panelinhas, e os meninos ganhando um carrão de brinquedo, que incentiva a velocidade a não ter medo, a ter coragem”.

O sociólogo e professor da Universidade de São Paulo (USP) Gustavo Venturi destaca que todo fenômeno de dominação e opressão só ocorre porque aqueles que têm um papel subalterno assumem valores do grupo dominante. “Muitas mulheres contribuem para a reprodução dessa cultura machista, ainda que sofram fortemente suas consequências”, avalia.

Venturi coordenou a pesquisa Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e Privado, feita para a Fundação Perseu Abramo (ligada ao PT) para o Serviço Social do Comércio (Sesc), na qual 30% dos homens se declararam machistas (4% “muito machistas”).

A pesquisa recentemente divulgada pela Secretaria de Políticas para as Mulheres (aplicada em agosto de 2010) foi comparada a outro estudo semelhante de 2001. Para Venturi, no intervalo de nove anos, foram poucas as mudanças no “consenso” de que são as mulheres que devem cuidar dos filhos desde a primeira infância. De lá para cá, cresceu de 27,3% para 35,2% o número de famílias chefiadas por mulheres segundo dados do Instituto de Estudos do Trabalho e da Sociedade (Iets).

Eliana Graça, do Cfemea e do Inesc, aponta que as políticas públicas que foram criadas pelo governo federal nesse período, como o Programa Bolsa Família, mantém o preconceito de que o cuidado com os filhos é responsabilidade exclusiva das mães. Noventa e três por cento dos cartões do programa são em nome das mulheres. “Assim, o programa cristaliza o papel da mulher que nós estamos acostumados: o papel da mãe cuidadora”.

Márcia




Essas e outras tirinhas que abordam de forma bem-humorada a situação das mulheres no mercado de trabalho podem ser encontradas no site http://www.marcianeurotica.com.br, de Rogério Brum.

Onde pesquisar gênero?


No nosso país, um dos melhores acervos sobre o estudo de mulheres no mercado de trabalho encontra-se disponível no site do PACC-UFRJ - Programa Avançado de Cultura Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
 
Realizado entre 1977 e 1990, com o nome de 'Imprensa e Mulher' e sob a coordenação de Heloisa Buarque de Hollanda, trata-se de recortes de jornal do período, referentes a temas ligados à mulher e ao feminismo.


quarta-feira, 18 de maio de 2011

Mulher no volante, cuidado constante?

O vídeo a seguir, do Jornal Toda Hora da RIT TV, foi veiculado em março deste ano e mostra uma mulher que trabalha como taxista. Predomina na matéria a ideia de que mulheres são mais cuidadosas e delicadas do que homens e este seria um motivo para que elas exerçam a profissão citada. Será?


Trabalho de homem? - Construção Civil

Esta matéria de 2008 mostra o aumento da participação do trabalho feminino na construção civil, setor que teve um visível crescimento naquele ano. É interessante observar o receio das entrevistadas quanto à possível discriminação no ambiente de trabalho. Além disso, também está presente na matéria a visão de que existem características que diferenciam a personalidade feminina da masculina.


Para descontrair, sábias palavras de Veríssimo!

"Muitas mulheres consideram os homens perfeitamente dispensáveis no mundo, a não ser para aquelas profissões reconhecidamente masculinas, como as de costureiro, cozinheiro, cabeleireiro, decorador de interiores e estivador."
Luís Fernando Veríssimo

Mulheres do Distrito Federal ganham mais do que os homens

Uma pesquisa aponta que essa vantagem no contracheque das mulheres é só no Distrito Federal. Em qualquer outro lugar do Brasil, eles ganham mais.

Fonte: Agência de Notícias Jornal Floripa

Uma pesquisa mostrou uma mudança importante no mercado de trabalho: as mulheres estão ganhando mais do que os homens em Brasília. Tudo indica que essa mudança tenha a ver com o processo de seleção.
A maioria dos empregos em Brasília está no serviço público, e o caminho para se chegar a essas vagas é o concurso. Quem se prepara melhor leva a vaga, não é importa se é homem ou mulher. Parece que as mulheres andam mais dedicadas.
Em um escritório de advocacia, a maior parte dos cargos de comando é das mulheres. “Nosso processo de seleção é muito rigoroso e muito técnico. É de acordo com a capacidade, com a formação e com o perfil, e não pelo gênero”, afirma a advogada Marta Mitico.
Um levantamento do Ministério do Trabalho diz que no Distrito Federal, em média, as mulheres ganham mais do que os homens. O rendimento médio das mulheres é de R$ 3.803,55. Ao todo, são R$ 140 a mais do que a média salarial dos homens.
“As mulheres conseguiram atingir uma autonomia em relação aos homens. Então, eu acredito que não temos do que reclamar”, diz a advogada Priscila Brandt.
Maura Bernardo é auxiliar de cozinha e paga as contas sem dificuldade. A auxiliar brinca: “Quero um homem que me sustente, e não eu que sustente homem”.
A pesquisa aponta que essa vantagem no contracheque das mulheres é só no Distrito Federal. Em qualquer outro lugar do Brasil, eles ganham mais. O levantamento também diz que, em geral, o salário das profissionais no Distrito Federal é mais do que o dobro da média nacional das trabalhadoras.
Será que acabou o preconceito? Para a professora de sociologia da Universidade de Brasília (UnB), Lourdes Bandeira, não é bem assim. Ela explica que boa parte dos empregos das mulheres está no serviço público, onde os funcionários são selecionados por concurso. Nesses casos, não tem como discriminar por gênero.
“Grande parte do funcionalismo público federal já tem o ensino superior, porque há um acesso muito abrangente no Distrito Federal. Tendo ensino superior, evidentemente a faixa salarial tende a aumentar”, lembra a professora de sociologia da Universidade de Brasília, Lourdes Bandeira.
O levantamento mostrou também que o menor rendimento médio do país foi pago no Ceará:
R$ 1.228,00. Mas esse valor se refere a homens e mulheres.

Pesquisa sobre mulheres no mercado de trabalho mostra alguns avanços e velhos problemas

Fonte: Rede Brasil Atual
Por: Vitor Nuzzi, Rede Brasil Atual

Segundo estudo Seade/Dieese, houve crescimento da formalização e da escolaridade, mas diferença salarial em relação aos homens aumentou em 2010

São Paulo – A presença da mulher no mercado formal de trabalho continua crescendo, principalmente entre as de mais escolaridade, aponta pesquisa da Fundação Seade e do Dieese relativa à região metropolitana de São Paulo. Mas o levantamento mostra também que permanece a desigualdade salarial entre homens e mulheres, mesmo entre os mais escolarizados.
"A evolução da presença no mercado de trabalho tem sido acompanhada por avanços importantes de seus empregos e na diversificação de suas oportunidades de trabalho", dizem os institutos, em nota sobre o estudo. "Ao menos em parte, tais avanços podem ser atribuídos ao aumento de seus níveis de escolaridade e, em especial, ao crescente número de mulheres com educação superior", prossegue o texto.
De 2009 para 2010, foram abertos 163 mil postos de trabalho para mulheres na Grande São Paulo. Elas representam 45% da população ocupada. A taxa de desemprego feminina recuou pelo sétimo ano seguido, atingindo 14,7%, ainda bem acima da masculina (9,5%). O rendimento médio aumentou em ambos os casos, mas essa alta foi maior para os homens, fazendo aumentar a diferença entre a remuneração entre os gêneros. Em média, em 2009, as mulheres ganhavam 79,8% dos valores médios recebidos pelos homens. No ano passado, essa proporção havia caído para 75,2%.
A pesquisa mostrou aumento da participação de trabalhador com ensino superior completo, de 11,7% para 15% da População Economicamente Ativa (PEA). Entre as mulheres, essa proporção já chegou a 17,1%, ante 13% dos homens. A presença feminina entre a PEA com nível superior ultrapassou a masculina e atingiu 53,6%. Em 2010, os homens eram maioria (51,3%).
Com isso, também cai a presença de mulheres menos escolarizadas. "Tal retração pode ser explicada pela simples redução do número de mulheres com pouca instrução formal, mas pode também ser reflexo do aumento das exigências de escolarização para o ingresso nos postos de trabalho disponíveis, que excluem as mulheres com baixa escolarização do mercado de trabalho, ou o adiamento desse ingresso pelas mais jovens, que preferem privilegiar sua formação escolar", afirma a pesquisa Seade/Dieese.
O ensino superior mostra ser um diferencial na inserção no mercado. No ano passado, a taxa de participação feminina (proporção de mulheres ocupadas ou desempregadas com 10 anos ou mais) era de 56,2%. Entre as mulheres com curso superior, a taxa chegou a 83,6%. Segundo o estudo, as taxas de participação feminina só aumentaram no ensino médio ou superior, caindo entre analfabetas e no ensino fundamental. A taxa de desemprego total em 2010 para trabalhadoras foi de 16,5%. Para trabalhadoras com nível superior, foi de 6,2%.
A formalização também vem crescendo, em ambos os casos. Em 2000, 33% das mulheres sem ensino superior tinham carteira assinada – esse número chegou a 43,8% em 2010. Entre trabalhadores com nível superior, 75,8% das mulheres ocupavam postos formais de trabalho.
"Pode-se afirmar, portanto, que a evolução da presença feminina no mercado de trabalho tem sido acompanhada por avanços importantes na qualidade de seus empregos e na diversificação de suas oportunidades de trabalho. Ao menos em parte, tais avanços podem ser atribuídos ao aumento de seus níveis de escolariedade e, em especial, ao crescente número de mulheres com educação superior", conclui a pesquisa.

Emprego cresceu mais entre as mulheres em 2010, aponta estudo

Fonte: Folha Online


Em 2010, o percentual de mulheres que ingressaram no mercado de trabalho foi maior do que o de homens, segundo dados divulgados pelo Ministério do Trabalho nesta quarta-feira. No ano passado, a alta foi de 7,28% para elas, enquanto eles representaram um crescimento de 6,7%.
Eles, porém, ainda são maioria. Enquanto o número de trabalhadores passou de 24,13 milhões, em 2009, para 25,75 milhões no ano passado, o de trabalhadoras foi de 17,01 milhões para 18,31 milhões.
Os homens também continuam a receber os maiores salários. A remuneração média deles é de R$ 1.876,58, já a delas fica em R$ 1.553,44. A diferença é de mais de R$ 300.
Os dados constam da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), um retrato ampliado do emprego formal. Divulgada anualmente pelo governo, inclui servidores públicos, trabalhadores temporários e avulsos e ainda informações residuais das empresas, além dos dados de carteira assinada do Caged. O relatório detalha o número de empregos gerados por sexo, idade e região do país.
O Norte e o Nordeste foram as regiões do país que mais criaram empregos. O Nordeste teve um crescimento de 7,93% postos de trabalho, e o Norte apresentou uma alta de 9,9%. De acordo com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, esses números podem ser creditados à construção das usinas Jirau e Santo Antônio. Ele disse ainda que construção da usina de Belo Monte vai gerar duas vezes mais postos de trabalho.
"Com a construção de Belo Monte [os empregos] devem crescer ainda mais nos próximos quatro ou cinco anos. Isso porque quando algum setor cresce, vários outros crescem junto, como alimentação, construção civil e serviços", disse.
O ministro destacou ainda que o crescimento no número de empregos na faixa etária de 50 a 64 anos e acima dos 65 anos. A criação de postos de trabalho para essas idades teve aumento de 10,28% e 12,77%, respectivamente.
"Existe uma demanda por mão de obra com experiência, por isso o crescimento no numero de empregos na faixa de 50 a 64 anos. As empresas estão preferindo contratar trabalhadores com mais experiência, portanto, os mais velhos", destacou.
Levantamento feito pela Folha com dados do IBGE mostram que o crescimento desta faixa de idade acontece desde 2003.
Há oito anos, a faixa representava 16,7% da força de trabalho. O percentual subiu para 21,8% na média do primeiro trimestre de 2011.

RECORDE DE EMPREGO FORMAL

O Brasil bateu recorde na criação de emprego formal em 2010, com a geração de 2,861 milhões de vagas. O maior número apurado até hoje tinha sido em 2007, com a criação de 1,617 milhão de empregos.
O crescimento na relação 2009/2010 foi de 6,94%, de acordo com dados da Rais.
O número de trabalhadores formais no Brasil chegou a 44,068 milhões e, como reforçou Lupi, esse dado é recorde no Brasil. Com o acréscimo dos aposentados e pensionistas, o montante atinge 66,747 milhões.
"Todos os números de 2010 são recordes, e os de 2011 também serão recordes. Em 2011, chegaremos a 3 milhões de empregos formais", disse o ministro.
A Rais traz também o número de empregos gerados durante os dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo os dados, foram criados 15,384 milhões de postos formais de trabalho de 2003 a 2010.

Trabalho de homem? - Motorista de ônibus

Antigamente algumas profissões eram essencialmente masculinas e as mulheres nem sequer "ousavam" tentar reverter esta situação. Nos dias atuais, porém, percebe-se uma tentativa de mudanças. Apesar do estranhamento e até mesmo do preconceito, algumas mulheres vão à luta e mostram sua competência em funções que podem ser bem desempenhadas independentemente do gênero do trabalhador. O vídeo mostra a realidade de uma motorista de ônibus. Note que ainda há quem pense que "mulher só pode dirigir fogão". 


Entrevista - Noemi de Siqueira Luz

"A competência sempre fala mais alto."
    A partir de hoje, traremos uma série de entrevistas com mulheres e sua situação no mercado de trabalho.
   Nossa primeira personagem é Noemi de Siqueira Luz, de 48 anos. Ela trabalha no Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, Turma Recursal Descentralizada de Juiz de Fora, no cargo de Técnico Judiciário – Assistente Secretário.

      Qual é o curso que escolheu para seguir carreira universitária?
Me formei como bacharel em Direito na Faculdade Vianna Júnior.

      Quando ingressou, a reação das pessoas em casa, em sua vida social, foi natural?
Sim. Meus familiares e as pessoas de meu círculo de amizade gostaram muito da minha escolha, porque o curso de Direito proporciona um leque de opções de carreiras, como a magistratura, o exercício da advocacia, concursos diversos na área jurídica.
  
     Quando se inseriu no mercado de trabalho foi fácil?
Antes mesmo de me formar, prestei concurso para a Justiça do Trabalho e passei em quinto lugar. Logo fui nomeada e estou exercendo meu cargo há 23 anos.

Em seu ambiente de trabalho você ainda sente as diferenças de gênero bem claras?
Como o ingresso é por concurso público, não há diferenças em relação ao gênero e como possuímos plano de cargos e salários, as promoções são bem definidas, independentemente de sexo. Na Justiça do Trabalho em Juiz de Fora, em seis cargos de confiança de diretoria ( de livre nomeação pelos juízes) , cinco são ocupados por mulheres. Na magistratura, cujo ingresso também é por concurso público, temos duas juízas e três juízes. Na Segunda Instância,  em Belo Horizonte, composta por 34 Desembargadores, temos oito mulheres e 26 homens, sendo os critérios de ingresso de juízes de Primeira Instância, por antiguidade e merecimento, um terço advindos do Ministério Público e um terço da OAB.

    Acredita que as mulheres ainda necessitam de escolaridade superior à masculina para adquirir cargos de confiança?
Não. Acho que ambos os sexos precisam de muito preparo para assumir cargos de confiança, porque no mundo corporativo a competência sempre fala mais alto. Os erros dificilmente são tolerados. As mulheres se preparam mais que os homens, são mais dedicadas e abrem mão de muitas coisas para freqüentarem cursos profissionalizantes, reciclagens, especializações.
     
     O que pensa sobre a máxima que classifica as mulheres como o “sexo frágil”?
É um mito. A fragilidade da mulher, na maioria das vezes, é apenas física. Emocionalmente somos mais sensíveis, mas não significa que somos frágeis.
      
    Acredita que a posição atual das mulheres na sociedade ( positiva ou negativa) se atribui a elas?
Negativamente, elas contribuem na medida em que aceitam e reafirmam os estereótipos. E ainda, por motivos culturais, elas também discriminam outras mulheres e até mesmo a si próprias. Mas o grande vilão é o homem, na medida em que submeteu a mulher desde os primórdios da sociedade humana.
Positivamente, as mulheres lutaram – e ainda lutam - muitas delas morreram, para que tivéssemos hoje conquistado respeito e valorização, nos aproximando cada vez mais da igualdade.
    
    Que conselho daria para outra mulher que deseja ingressar no mercado de trabalho?
Estudar, se preparar muito para ser a melhor. Ser a melhor que todos seus concorrentes, sejam eles homens ou mulheres. Uma dica: muita dedicação, interesse pelo que faz e principalmente ter um foco, evitando, quando possível, que a vida pessoal interfira em seus objetivos e metas de trabalho.