quarta-feira, 18 de maio de 2011

Entrevista - Noemi de Siqueira Luz

"A competência sempre fala mais alto."
    A partir de hoje, traremos uma série de entrevistas com mulheres e sua situação no mercado de trabalho.
   Nossa primeira personagem é Noemi de Siqueira Luz, de 48 anos. Ela trabalha no Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, Turma Recursal Descentralizada de Juiz de Fora, no cargo de Técnico Judiciário – Assistente Secretário.

      Qual é o curso que escolheu para seguir carreira universitária?
Me formei como bacharel em Direito na Faculdade Vianna Júnior.

      Quando ingressou, a reação das pessoas em casa, em sua vida social, foi natural?
Sim. Meus familiares e as pessoas de meu círculo de amizade gostaram muito da minha escolha, porque o curso de Direito proporciona um leque de opções de carreiras, como a magistratura, o exercício da advocacia, concursos diversos na área jurídica.
  
     Quando se inseriu no mercado de trabalho foi fácil?
Antes mesmo de me formar, prestei concurso para a Justiça do Trabalho e passei em quinto lugar. Logo fui nomeada e estou exercendo meu cargo há 23 anos.

Em seu ambiente de trabalho você ainda sente as diferenças de gênero bem claras?
Como o ingresso é por concurso público, não há diferenças em relação ao gênero e como possuímos plano de cargos e salários, as promoções são bem definidas, independentemente de sexo. Na Justiça do Trabalho em Juiz de Fora, em seis cargos de confiança de diretoria ( de livre nomeação pelos juízes) , cinco são ocupados por mulheres. Na magistratura, cujo ingresso também é por concurso público, temos duas juízas e três juízes. Na Segunda Instância,  em Belo Horizonte, composta por 34 Desembargadores, temos oito mulheres e 26 homens, sendo os critérios de ingresso de juízes de Primeira Instância, por antiguidade e merecimento, um terço advindos do Ministério Público e um terço da OAB.

    Acredita que as mulheres ainda necessitam de escolaridade superior à masculina para adquirir cargos de confiança?
Não. Acho que ambos os sexos precisam de muito preparo para assumir cargos de confiança, porque no mundo corporativo a competência sempre fala mais alto. Os erros dificilmente são tolerados. As mulheres se preparam mais que os homens, são mais dedicadas e abrem mão de muitas coisas para freqüentarem cursos profissionalizantes, reciclagens, especializações.
     
     O que pensa sobre a máxima que classifica as mulheres como o “sexo frágil”?
É um mito. A fragilidade da mulher, na maioria das vezes, é apenas física. Emocionalmente somos mais sensíveis, mas não significa que somos frágeis.
      
    Acredita que a posição atual das mulheres na sociedade ( positiva ou negativa) se atribui a elas?
Negativamente, elas contribuem na medida em que aceitam e reafirmam os estereótipos. E ainda, por motivos culturais, elas também discriminam outras mulheres e até mesmo a si próprias. Mas o grande vilão é o homem, na medida em que submeteu a mulher desde os primórdios da sociedade humana.
Positivamente, as mulheres lutaram – e ainda lutam - muitas delas morreram, para que tivéssemos hoje conquistado respeito e valorização, nos aproximando cada vez mais da igualdade.
    
    Que conselho daria para outra mulher que deseja ingressar no mercado de trabalho?
Estudar, se preparar muito para ser a melhor. Ser a melhor que todos seus concorrentes, sejam eles homens ou mulheres. Uma dica: muita dedicação, interesse pelo que faz e principalmente ter um foco, evitando, quando possível, que a vida pessoal interfira em seus objetivos e metas de trabalho.

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